Minicursos – SIEL 2025
Teremos 13 minicursos e os resumos estão disponíveis a seguir!
- O participante deverá estar presente nos dois dias da oferta do minicurso (6 e 7 de novembro, a partir das 16h30min). Consulte a programação, leia os resumos e faça sua inscrição até o dia 20 de outubro de 2025.
- Escolha apenas um minicurso, pois todos serão ministrados simultaneamente.
- Formulário de inscrição: https://forms.gle/AP2XjW1hRS6n657V6
Minicurso 1
Itinerários didáticos: dispositivo de formação de professores e ferramenta potencializadora do processo de ensino-aprendizagem de gêneros textuais
Prof. Dr. Adair Vieira Gonçalves (UFGD) – adairgoncalves@ufgd.edu.br
Profa. Me. Mariolinda Rosa Romers Ferraz (UFGD) – mariolinda.ferraz1970@gmail.com
Profa. Me. Adriana Piloneto (UFGD) – drikaiber@gmail.com
Este minicurso, fundamentado em um campo transdisciplinar de ensino de línguas e nas concepções epistemológicas do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), pretende trazer à luz as dimensões teórico-metodológicas de itinerários didáticos, novo dispositivo de formação de professores e ferramenta de ensino, que articula saberes docentes, objetos de ensino, dimensões ensináveis de gênero textual, sequência didática de gênero, atividades metalinguísticas e de análise linguística, a um escopo mais amplo de projetos pedagógicos. Os itinerários didáticos são flexíveis quanto a suas etapas de didatização e constituídos por momentos diversos de reescrita dos gêneros. Todos esses elementos mobilizados contribuem para o desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos, o aprimoramento da leitura e da escrita, a avaliação contínua e formativa, por meio de retornos reflexivos sobre as atividades e ações de linguagem. Nessa direção, o minicurso está direcionado a professores do ensino fundamental I e II em formação continuada, assim como a professores em formação inicial, isto é, acadêmicos do curso de Letras e Pedagogia.Apesar deste critério, no que diz respeito ao público-alvo do minicurso, ressalta-se que os itinerários didáticos são aplicáveis em qualquer etapa da educação básica e a gêneros textuais, independentemente de sua modalidade e/ou multissemioticidade, ainda que, para a didatização deste minicurso, sejam focados os gêneros textuais escritos de caráter argumentativo.
Minicurso 2
Pesquisa em Literatura: processos e experiências na busca pelo registro de autoria feminina em Mato Grosso do Sul
Adrianna Alberti – adrianna.alberti@gmail.com
Márcia Helena Longo Dutra Messa
No decorrer do fazer da pesquisa em literatura, a construção e a proposta de elaboração de um registro histórico e crítico da produção artístico-literária de autoria feminina de Mato Grosso do Sul, enfrenta obstáculos tanto sociais quanto históricos, que tornam esse processo uma experiência ímpar. No que tange a mulher na formação literária no Mato Grosso e ao Sul, e em consequência Mato Grosso do Sul, é necessário relembrar que história foi escrita por homens, portanto, a participação feminina, mesmo em trabalhos de registro histórico é pouco lembrada. Partindo desse pressuposto, sob a perspectiva do feminismo interseccional e aproximando-se do campo da História das Mulheres, este minicurso, ministrado por Adrianna Alberti (doutoranda UFMS; Ms. UEMS) e Márcia Helena Longo Dutra Messa (Ms.UFMS), pretende revisitar pesquisas de ambas e a de outros (as) acadêmicos sobre o resgate e o registro das autoria literária feminina no estado de Mato Grosso do Sul, buscando destacar quais as metodologias aplicadas e as experiências percorridas por seus (suas) pesquisadores (as) visando, assim, a divulgação destas, que são de suma importância para o combate ao silenciamento estrutural e patriarcal da mulher, e para contribuir para a ampliação de debates sobre o fazer da pesquisa em literatura.
Minicurso 3
Do Lattes ao Fator de Impacto: Primeiros Passos na Escrita e na Publicação Científica
Ma. Ana Beatriz Brandão (UEM) – anabeatrizsbs19@gmail.com
Ma. Tathiane Maria de Souza Batista (UFMS) – tathi.batista67@gmail.com
Dr. Valter Souza da Silva (UEMS) – valter.silva@unemat.br
O ingresso no ensino superior implica adentrar práticas acadêmicas que, para muitos estudantes iniciantes, permanecem pouco claras. Este minicurso busca introduzir três dimensões fundamentais da vida acadêmica: o preenchimento e atualização do Currículo Lattes, a escrita de resumos científicos e a compreensão das métricas de avaliação de periódicos. A proposta é oferecer uma formação inicial que possibilite ao estudante compreender como esses instrumentos não são apenas burocráticos, mas constituem práticas discursivas que moldam a visibilidade e a legitimidade da produção científica. Na primeira parte, discutiremos o Currículo Lattes como espaço de memória e identidade acadêmica no Brasil. Serão abordadas as etapas de preenchimento, as categorias mais relevantes e sua função na trajetória científica, sobretudo em editais de iniciação científica, estágios e programas de pós-graduação (MUGNAINI; LEITE, 2015). Em seguida, abordaremos a escrita de resumos científicos, compreendida como gênero discursivo fundamental para a inserção em congressos, simpósios e periódicos. Mais do que sínteses de pesquisas, os resumos são “portas de entrada” da circulação do conhecimento, demandando clareza, objetividade e rigor argumentativo (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Exercícios práticos e exemplos serão apresentados, de modo a capacitar os participantes a estruturar resumos consistentes e atrativos. Por fim, o minicurso tratará da compreensão do fator de impacto e de outras métricas de avaliação de periódicos, explicando suas diferenças em relação ao Qualis CAPES, ainda em uso no Brasil. Se antes a ênfase estava no enquadramento Qualis, hoje é cada vez mais necessário compreender como índices como o Journal Impact Factor e o CiteScore influenciam a escolha da revista e a avaliação da produção acadêmica (PINSKY; RIBEIRO, 2017). Apresentaremos aos estudantes uma leitura crítica: o fator de impacto não deve ser tomado como critério absoluto de qualidade, mas como um entre outros indicadores que orientam a visibilidade, a circulação e a relevância social do conhecimento científico. Ao articular esses três eixos, o minicurso pretende contribuir para que o estudante iniciante desenvolva uma postura ativa, consciente e crítica diante das exigências do campo acadêmico, compreendendo que nele se produzem não apenas textos, mas também trajetórias e identidades.
Minicurso 4
A retórica das emoções em Aristóteles e na atualidade
Monica Alvarez Gomes (UFMS) – monica.gomes@ufms.br
Fabíola Estevam de Araújo (UFMS) – fabiola.araujo@ufms.br
Este minicurso abordará a seção de Aristóteles, material a partir do qual refletiremos sobre as semelhanças e sobre as diferentes abordagens argumentativas, na antiguidade e na atualidade. O estudo do páthos, nascido na retórica aristotélica, surge em uma visão ecológica e em relação sistêmica com o lógos e o éthos. De forma indissolúvel, essa tríade interage no fazer discursivo. Nela, portanto, o páthos toma a importância da manipulação da imagem do eu do discurso. A construção dessa representação foi relacionada à oratória, mas também se perfaz no texto escrito. Considerar que o páthos não é preestabelecido, mas sim uma construção, para que a adesão a uma certa imagem de si no discurso aconteça torna necessário também considerar o auditório visado e todas as consequências que esta persecução requisita. Dessa maneira, muito relevante será a forma como esse enunciador constrói seu discurso. Para causar boa impressão e convencer, em geral este é o caso, e para se colocar identitariamente dentro de um espaço em relação ao outro, ele deverá afirmar certas crenças e representações e deverá negar outras, fazendo com que o interlocutor construa a imagem pretendida pelo enunciador. Pretendemos discutir como as emoções se apresentam na argumentação nos dias atuais, sobretudo no Brasil, em várias áreas de atuação, como a ciência, a religião, a publicidade, a política e até mesmo nas relações interpessoais, considerando discursos contemporâneos, observando-se as construções linguísticas que põem em jogo esse fazer persuasivo.
Minicurso 5
Pensar por imagens: a obra de Georges Didi-Huberman
Paulo Benites (UFPR) – benitespaulo7@gmail.com
O historiador e crítico de arte francês Georges Didi-Huberman tem um vasto e profundo percurso teórico dedicado a examinar o papel das imagens na legibilidade da história desde um ponto de vista crítico em relação à iconologia. Para tentar compreender a tomada de posição do pensamento do crítico francês, nosso objetivo é propor rotas leituras possíveis das obras de Didi-Huberman a fim de investigar os modos como se constrói um repertório teórico, crítico e analítico para pensar o papel das imagens na construção do conhecimento, passando por obras como A Imagem Sobrevivente, Diante da Imagem, a série O olho da história e seus ensaios mais curtos. A partir de uma aproximação de conceitos como montagem, corte, imagem dialética, Nachlaben, Pathosformel, Atlas, etc., e em cotejo com o pensamento de autores como Aby Warburg, Freud e Walter Benjamin, nossa proposta pretende evidenciar como Didi-Huberman lança mão de noções constelares para construir uma obra ao mesmo tempo crítica e experimental do ponto de vista da utilização das imagens. Para tanto, o minicurso propõe um momento prático de análise de exemplos advindos do cruzamento entre as diversas linguagens que promovem o adensamento do caráter problemático das imagens, tais como as relações entre literatura, fotografia e cinema.
Minicurso 6
“Escrevivência” como conexão, criação e confluência: denúncia-anúncio-poética
Mirian Lange Noal (Faed/UFMS) – mirian.noal@ufms.br
Isabela de Paula Ribeiro (Faed/UFMS) – i.paula@ufms.br
Isadora Lima Hock (Faed/UFMS) – isahock@hotmail.com
Ler e escrever têm composto rituais de escolarização em uma sociedade pós-moderna que se consolidou escriturística, a partir de um padrão unificado e discriminador que as instituições escolares têm assumido como primeira responsabilidade: a escrita como habilidade motora e cognitiva, imposta por regras arbitrariamente definidas. Dessa concepção, ocorre uma histórica divisão entre quem sabe e quem não sabe; quem aprende e quem não aprende; quem lê e quem não lê; quem escreve e quem não escreve. Está cada vez mais comum ouvirmos de discentes que não têm o hábito de ler e que “não sabem escrever”. Essas afirmativas inquietantes nos impeliram a buscar compreender essa caótica situação, havendo encontrado algumas explicações na sociolinguística (Bortoni-Ricardo, 2004; 2005). Essas leituras evidenciaram que, em um país plural como o Brasil, é essencial questionar padrões linguísticos e estabelecer a instabilidade nas práticas escriturísticas, reconhecendo e legitimando a potência de muitas linguagens e a essencial escrita de si, gestando a ampla e social função da língua, resumida na poética de Lispector (1973, p. 25): “O que estou te escrevendo não é para se ler – é para se ser. […]. Vim te escrever. Quer dizer: ser.”. Nesse viés, propomos o estranhamento da escrita acadêmica para a construção de jeitos outros de escrever, na busca de singularizar quem escreve e o porquê escreve, acolhendo a voz de denúncias e de anúncios, com escrita subjetiva, mas também solidária e coletiva – a “escrevivência” (Evaristo, 2008). Paralelamente, pretende ser uma escrita que busca o encantamento e as infâncias, no exercício das “raízes crianceiras” (Manoel de Barros, 2010). É a escrita criativa, que convida para a auto-observação, a autoescuta, a imaginação e a liberdade de se expressar com diferentes linguagens (desenho, poesia, pintura, escultura, música, colagem, instalações, varais etc.). Escrita que se quer livre; simples; sem censura; “confluente” e fortalecedora de coletivos (Nego Bispo, 2023). Escrita que coloca o corpo para o jogo, a brincadeira, o prazer. É o convite para uma escrita que extrapola a própria escrita e nasce da necessidade de dizer, pois, segundo Galeano (2019, p. 23): “Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for.”. O minicurso é convite para fortalecer a autoconfiança e viver experiências de ultrapassar a escrita solitária para as escritas solidárias; passar da pseudo escrita neutra, para escritas contextualizadas e engajadas ética e politicamente, comprometidas com todas as expressões de vida.
Minicurso 7
O MYTHOS ENTRE A APOLOGIA DA VIOLÊNCIA E A ÉTICA DO CUIDADO
ARGUS ROMERO ABREU DE MORAIS (PV/UFMS) – argusromero@yahoo.com.br
O cenário político contemporâneo global parece expressar uma situação aparentemente contraditória: o retorno das narrativas míticas como chaves de leitura coletivas para a compreensão e organização das relações políticas e ecológicas no auge da racionalidade econômica neoliberal. De um lado, a associação entre mito e política mira o retorno a um passado idealizado para justificar o exercício ilimitado da violência pelo soberano (Finchelstein, 2023). De outro, a construção de um “futuro ancestral” que ressignifica a tradição como fonte de sabedoria e de respeito entre todas as entidades da natureza, humanas e não-humanas. No primeiro caso, o negacionismo como modelo cognitivo, o aprofundamento das desigualdades sociais como proposta política e o ódio como partilha do sensível (Solano, 2018; Morais, 2022; 2024; Rancière, 2000). No segundo, o respeito como modelo ético, o saber engajado como proposta epistêmica e a esperança como re-existência para “adiar o fim do mundo” (Krenak, 2019; 2022). Em nossa apresentação, tempos por intuito retomar e aprofundar a categoria de memória mítica (Pêcheux, 2008), considerando especialmente o modo como uma ética do cuidado pode fazer frente à apologia da violência na atualidade. Para tanto, realizaremos uma análise contrastiva da função discursiva do mito em cinco enunciados proferidos no plenário da Câmara dos Deputados no período de 1992 a 2018 e em três enunciados recortados do livro Futuro Ancestral (2022), de Ailton Krenak. Como proposta do minicurso, temos por intuito sustentar que a memória mítica pode funcionar como categoria teórica privilegiada para promover tanto análises dos discursos políticos da extrema-direita global contemporânea, especialmente no Brasil, quanto em uma perspectiva de/contracolonial, de ruptura com o modelo eurocêntrico de produção dos saberes e poderes.
Minicurso 8
DIVULGAÇÃO LITERÁRIA PARA AS REDES SOCIAIS: APLICAÇÃO PRÁTICA E TEÓRICA
Jade Amorim de Oliveira Franco (UFMS) – jade.a.franco@ufms.br
Este minicurso trata do desafio da divulgação literária nas redes sociais, a fim de fomentar a cultura, a educação e a arte. Para tal, propõe-se a compreensão de técnicas editoriais e de redação com foco nas demandas de cada plataforma digital, em âmbito teórico e prático, a partir de um olhar atento para os principais desafios do segmento. Ao longo do minicurso, busca-se oferecer a compreensão de como se dá a adaptação do conteúdo ao conciliar técnicas de marketing digital — como os conceitos de arquétipos, persona, tom de voz, linhas editoriais e gatilhos mentais — e a literatura enquanto forma de arte. Além disso, propõe-se a compreensão, em termos práticos, do que é o algoritmo de cada plataforma e como ele atua diretamente no resultado da divulgação literária através do desenvolvimento, durante o encontro, de um planejamento estratégico que aplique os conceitos teóricos apresentados para uma rede social de escolha do aluno. O minicurso irá ancorar-se nas contribuições de Theodor Adorno (2021), Walter Benjamin (2018) e Max Horkheimer (1985) no que tange à proposta dos fundamentos básicos da teoria da comunicação; e nas contribuições de Jonah Berger (2020), Bruce Sinclair (2018) e Philip Kotler (2017) ao circunscrever as proposições contemporâneas do marketing digital. O objetivo central do minicurso é ampliar as reflexões em torno da divulgação literária nas redes sociais, destacando práticas para fomentar o crescimento da comunidade de leitores no Brasil de maneira consciente e estratégica. O minicurso se destina a quaisquer indivíduos que desejem compreender os preceitos teóricos da divulgação literária; sejam escritores, divulgadores já ativos e aqueles que desejam se envolver com o nicho. Palavras-chave: redes sociais; divulgação literária; leitura literária; marketing digital.
Minicurso 9
Narrativas em Camadas: Mise en abyme e Linguagem Cinematográfica
Raquel Magalhães de Castro Ramos ( mestranda PPGEL/UFMS) – raqueladvir@yahoo.com.br
O presente minicurso tem como objetivo explorar o conceito de mise en abyme no cinema, entendida como a técnica narrativa que insere uma obra dentro de si mesma – seja por meio de histórias dentro de histórias, filmes dentro de filmes ou reflexos entre realidade e ficção. Mais do que um recurso estético, a mise en abyme provoca uma reflexão metalinguística sobre o próprio ato de narrar, fazendo com que o espectador tome consciência dos mecanismos de construção da obra. A proposta é apresentar os fundamentos teóricos da mise en abyme, desde sua origem nas artes visuais e na literatura, até sua transposição para o cinema, onde ganha força como recurso para a construção de narrativas em camadas. A partir dessa base, serão analisados exemplos de diretores que se destacam no uso desse recurso, como Orson Welles (Citizen Kane, F for Fake), Jean-Luc Godard (Le Mépris), François Truffaut (A Noite Americana), David Lynch (Mulholland Drive), Christopher Nolan (Inception), Charlie Kaufman e Spike Jonze (Adaptation, Being John Malkovich). Especial destaque será dado à obra de Wes Anderson, cuja filmografia combina referências literárias e cinematográficas, frequentemente utilizando narrativas em camadas, narradores múltiplos e estruturas de “livro ilustrado” que reforçam a dimensão reflexiva.
O minicurso será organizado em quatro eixos principais:
- Fundamentos conceituais – introdução à mise en abyme na literatura e nas artes, explorando suas origens, definições e exemplos clássicos.
- Cinema em análise – estudo de filmes que utilizam a técnica de forma inovadora, destacando diferentes abordagens estéticas e narrativas.
- Discussão crítica – reflexão sobre como a mise en abyme ressignifica a relação entre espectador, narrativa e realidade.
- Oficina prática – elaboração coletiva de um storyline, que servirá como guia para o desenvolvimento de uma história construída a partir dessa técnica.
Espera-se que, ao final, os participantes compreendam a importância da mise en abyme na construção de narrativas em camadas, reconhecendo suas diferentes expressões na linguagem cinematográfica e desenvolvendo instrumentos para analisar obras audiovisuais de forma crítica, ampla e interdisciplinar.
Minicurso 10
Leitura analógica do poema
Gabriel de Melo Lima Leal (professor contratado pela UEMS, doutorando PPGEL/UFMS) – gmlimaleal@gmail.com
A leitura analógica é uma proposta de disposição específica para a lida analítica com a experiência estética. Num sentido genérico, pode se apresentar como um método, se o tomamos mais pela raiz desta palavra, no sentido da construção de caminhos, e não como um conjunto fechado de passos a seguir para a obtenção de um resultado. Nasce da oposição entre linguagem analógica e linguagem digital, sendo esta última a linguagem articulada (língua/idioma), em que atua a arbitrariedade do signo e prevalece o conteúdo e a profundidade, e a outra se referindo a modos não arbitrários de comunicação, motivados, em que prevalece a forma ou a superfície. Com Gumbrecht podemos pensar aqui pela oposição Presença-Sentido. Partindo do pressuposto que nossa tradição de pensamento ocidental tem ao longo dos séculos dado maior importância ao sentido do que à presença, mais o espírito do que o corpo, a leitura analógica se propõe redirecionar este pendor, sem, no entanto, eliminar a esfera do sentido. Toda leitura, num sentido textual, já é digital, e por isso “leitura analógica” deve ser lido como oxímoro, a chamar atenção para a impossibilidade última que alimenta a construção desse caminho, ou método. Trata-se de ler o poema de um modo mais próximo a como uma agulha lê um disco de vinil (pelo mero atrito de corpos) do que como uma lente óptica lê um CD (como linguagem articulada, digital). Trata-se, também, de como organizar essa leitura numa esfera analítica, não meramente da ordem da fruição ou da crítica de impressão. A elaboração deste “modo de ler” a experiência estética com o poema responde antes de tudo, e assim se presta, à demanda produzida por um tipo de poesia que se direciona mais aos nossos sentidos, ao nosso corpo e à nossa imaginação – como presença –, do que à nossa faculdade intelectiva, como discurso – sentido. Este minicurso pretende, portanto, expor os fundamentos e a elaboração teórica do que seria uma leitura analógica – a partir de Martin Heidegger, Octavio Paz, Hans Ulrich Gumbrecht e Ligia Gonçalves Diniz – e também trabalhar diretamente com alguns poemas, operacionalizando a discussão teórica e os conceitos propostos.
Minicurso 11
ESCREVO COM O CORPO: inter-corporeidade em A hora da estrela, de Clarice Lispector
Marina Maura de Oliveira Noronha (UFMS/NECC) – marina.m.noronha@gmail.com
Edgar Cézar Nolasco (UFMS/NECC) – edgar.nolasco@ufms.br
Este minicurso propõe uma discussão teórico-crítica a partir da presença conceitual de intercorporeidade (PESSANHA, 2018) tendo por escopo desencadeador da discussão o livro A hora da estrela (1977), da intelectual Clarice Lispector. Para tanto, utilizar-me-ei de uma metodologia outra assentada na crítica biográfica fronteiriça (NOLASCO, 2015) que, a seu modo, tem por base de toda sua teorização a presença do “bios” e do “lócus”, e, por relevância geoistórico-epistemológica, o fato que tal reflexão é pensada a partir do lócus aqui denominado de fronteira-sul. Para tanto, as articulações sob o prisma da descolonialidade me direcionam a um recorte teórico outro, ao observarmos que Clarice põe em prática um “Escrever com o corpo” que abre espaço para o que busquei conceituar de gramática do corpo para a tese de Doutoramento defendida (NECC/PPGEL/UFMS). Como ponto conclusivo para a discussão do minicurso, trago a hipótese de que a autora em seus projetos, e em específico em A hora da estrela, re-escre(vi)ve corpografias (MIGNOLO) de si e também do outro. Portanto o “Escrevo com o corpo” de Clarice me possibilita entender o que estou chamando de gramática do corpo e ao me valer do “Prologómeno a uma gramática de la descolonialidad” (MIGNOLO, 2010) reflito sobre tal gramática, trazendo, por conseguinte, parte da reflexão teórica proposta pela fortuna crítica da escritora.
Minicurso 12
PRESSUPOSTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DO ENSINO DE LÍNGUA E LITERATURA: FOCO NO PIBID DE LETRAS
Profa. Dra. Cristiane Schmidt (Faalc/PIBID-UFMS/PPGL-UNEMAT) – cristiane_schmidt@ufms.br
Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos (Faalc/PIBID-UFMS) – alcione.santos@ufms.br
O minicurso intitulado “Pressupostos Teórico-Práticos do Ensino de Língua e Literatura: Foco no PIIBD de Letras” visa oferecer alguns fundamentos metodológicos e teóricos voltados ao Planejamento de Práticas Linguageiras e Literárias, destinando-se, em especial, às/aos participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – acadêmicas/os de Letras PIBID/FAALC/UFMS. Para tanto, o minicurso oferecerá alguns subsídios que visem orientar as/os acadêmicas/os de Letras no contexto de ensino de Língua Portuguesa e de Literatura. Nesse sentido, pretendemos trabalhar propostas, como a sequência didática (Dolz e Schneuwly, 2004), a qual se constitui em um modo de organização da prática pedagógica adequada e produtiva para o tratamento da linguagem nas aulas de línguas e de literatura. Trata-se de uma contribuição da Prática de Ensino na formação de futuros professores de Letras e na construção de saberes inerentes à gestão da sala de aula e do componente curricular Língua Portuguesa/Literatura A necessidade dessas reflexões e atividades justifica-se, de uma parte, pela relevância do contato e da leitura, por parte dos alunos na educação básica, com os mais variados gêneros orais e escritos (entendidos como objetos de ensino), de modo a ampliar as competências discursivas e linguísticas dos mesmos. Ao mesmo tempo, de outra parte, buscamos aprofundar as concepções teóricas e os conhecimentos práticos no que tange ao trabalho docente, entendidos como inerentes ao ensino de língua e de literatura em diferentes espaços educacionais.
Minicurso 13
Do traço à teoria: ideogramas, análise linguística e teorias gramaticais da língua japonesa
Giulianne Oshiro (PROGELI UFMS) – giulianeoshiro@gmail.com
Lucas Leque (PROGELI UFMS) – lucasleque@outlook.com
O minicurso propõe um panorama dos estudos da língua japonesa a partir de uma perspectiva linguística, histórica e tipológica. A abordagem contempla o percurso que vai da escrita à teoria, discutindo os ideogramas enquanto sistema logográfico e sua integração às estruturas da língua, bem como os principais eixos de análise gramatical desenvolvidos em diálogo com diferentes tradições teóricas. O percurso inicia-se com a apresentação da origem dos ideogramas (kanji) e de seu processo de apropriação pelo Japão, destacando como esse sistema gráfico foi incorporado e articulado com demais formas de escrita (hiragana e katakana). Em seguida, serão discutidos aspectos da linguística dos ideogramas, contemplando suas dimensões gráficas, semânticas e funcionais, apresentando modos particulares de conceber a linguagem e a estruturação do sentido. Na sequência, o minicurso aborda a análise linguística e as teorias gramaticais da língua japonesa, com atenção especial às suas especificidades tipológicas: ordem de constituintes, caráter aglutinante, funcionamento das partículas e sistemas de polidez. Esses fenômenos, ao mesmo tempo que descrevem as especificidades do japonês, problematizam categorias tradicionais elaboradas a partir das línguas europeias e suscitam reflexões sobre a diversidade estrutural das línguas naturais. Ao articular ideogramas, estruturas e teorias, o minicurso busca oferecer uma visão abrangente da língua japonesa como objeto de estudo linguístico.